Muita gente não gostou. É fácil não gostar. O filme é assim, difícil mesmo.
Eu sou suspeita, pois amava desde o primeiro dia de filmagem.
Esse era um filme que, pra me deixar feliz, nem precisava ser bom. Mas é.
Um filme onde todo dia no set alguém chorava. Chorava de emoção ao ver o vento bater sozinho, e a poeira subir enquanto um Paulo José vestido de padre declamava um lindo poema. Chorava de nervoso de assistir os surtos do Santinho. Chorava para sufocar a vontade de gritar ao ver a conversa desconexa quase perfeita entre Pai e Santo. Chorava simplesmente por presenciar, respirar tanta sensibilidade artística.
Um filme onde a gente trabalhou igual sempre, 15, 16 horas por dia, seis dias por semana, com mosquito da malária, muito calor, e sem telefone. Sem pão nem queijo, mas com muita fruta e peixe. Sem ar condicionado no quarto, afinal, o rio secou, e o diesel do gerador (e todas aquelas outras coisas que consideramos necessidades básicas) não chegava mais.
Ou seja, a gente ralou. Muito.
Mas acordava e dormia, quando dormia, com sensação de ter feito arte.
Arte mesmo, aquela, a sétima.
Orgulho gostoso.